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A Doença como Forma de Passar da Ilusão à Realidade

Na vida nada acontece por acaso, tudo tem um significado e cabe a cada um de nós decifrá-lo. Assim acontece com uma patologia, principalmente aquelas mais graves.
Vários povos ao longo da história, ressaltaram a importância da descoberta de uma nova mentalidade, uma maior compaixão por aquele que também sofre e, porque não, o encontro com um caminho espiritual, em momentos de desequilibrio na sua saúde.
O corpo fala conosco, mas nós temos tendência a ouvir só aquilo que nos convém. O resultado é que mais cedo ou mais tarde, existe a possibilidade de gerarem-se desequilibrios. Acredito pelo que estudei, vivenciei e venho constatando na minha prática clínica que só há uma doença, mesmo que se manifeste com sintomas distintos. Essa doença chama-se ignorância.
O homem mentalmente são, supostamente caminha no sentido da perfeição, do auto-conhecimento, do alto conhecimento. Ele prioriza a prevenção das enfermidades aspirando alcançar a saúde perfeita e explorar todo o seu potencial como ser humano. Mas mesmo alguém cuidadoso, pode cair na armadilha da doença. Caso seja apanhado nas malhas do desequilíbrio salutar deverá tranquilamente procurar a cura e se possível, aprender algo com o sucedido.

Não se esqueça: a cura começa com a vontade de se querer curar. Se não souber como fazê-lo por si só, procure preferencialmente curar-se com um terapeuta que se tenha curado a ele próprio em certa altura da vida.
Dr Albert Serrats define de uma forma simples e sucinta este processo:
- "A cura é um caminho até ao equilíbrio e a um grau mais alto de evolução. A doença é sempre resultado de uma crise e se a soubermos manejar, se a compreendermos e a transcendermos, esta crise leva-nos a outro nível de consciência da nossa própria realidade. Quando chegarmos à cura, entendemos que a doença foi, na verdade, uma escola, um verdadeiro aliado.

A doença pode ser a origem de uma grande aventura, uma aventura maravilhosa. Muita gente que logrou sair do sofrimento, começou com a doença. A doença gera crise e esta leva-nos às perguntas, aos medos, ao descobrir outras capacidades escondidas."
Não sou assim tão velho, mas na minha prática clínica e pesquisa científica, já assisti a verdadeiros milagres, mudanças de atitude que resultaram em novas pessoas nos mesmos corpos. Pessoas que se curaram e que ganharam um novo sentido espiritual, deram um passo rumo ao amadurecimento, à libertação, ao amor universal e à verdadeira cura.
Outras que não se curaram totalmente no físico, mas que espiritualmente e a nível social, abarcaram outras perspetivas e mudaram a vida de centenas ou milhares de pessoas.
Quantas pessoas eu conheço com patologias ditas graves pelos médicos e que estão muito mais sãs do que aquelas que aparentemente vivem sem doenças. Mesmo que o físico não recupere, elas estão mais despertas que muita gente que passa pela vida adormecida sem nunca acordar.
Eu nasci só com um rim, com 3 vértebras cervicais calcificadas e com intolerância ao glúten. Não são propriamente doenças, simplesmente têm-me dado algumas limitações físicas ao longo desta vida. Mas sinceramente eu não as considero desvantagens.
Antes pelo contrário. Se assim não acontecesse provavelmente não teria tido a necessidade de estudar Naturopatia, não conheceria metade dos meus Amigos com A grande, não teria provavelmente viajado a lugares distantes como peregrino, não teria tido a necessidade de estudar métodos de cura naturais que me permitem hoje aliviar as minhas “supostas dificuldades” e ainda entender e dar conta das dores e desequilibrios de outros que me procuram, como Fasciaterapeuta, Psico-Pedagogo, Osteopata e Terapeuta de Massagem.
Posso até considerá-las uma benção porque desde cedo tive que aprender a meditar, a controlar vícios comuns de um teenager europeu que se queria encontrar e ao mesmo tempo sobreviver a um corpo que me dava muito que estudar. Com isso aprendi pouco a pouco a trabalhar o desapego e a procurar pelo mundo respostas que os médicos alopáticos não me davam. As suas tentativas implicavam encher-me com mais e mais químicos, com consequências ambíguas e pouco amigas.
No momento em que comecei a conhecer-me, que me desequilibrava e voltava a equilibrar, que descobri que havia mais entre o céu e a terra que a nossa mera e vã filosofia, eis que aprendi a trabalhar a paciência, a ciência da paz. Venho descobrindo o amor incondicional inerente a cada segundo da vida, a cada momento presente, a cada pessoa que faz parte do meu crescimento e o escrever auxilia-me constantemente a lembrar-me destes factos.
Como disse Voltaire, decidi ser feliz porque era melhor para a saúde.
Há quem diga que uma doença pode também ser o grito de um espírito agredido. Olhemos para o nosso interior. Quem é o espírito que habita este corpo? Que situações o fariam sentir-se agredido?
Todos nós somos espíritos em evolução, vivendo uma aventura humana. Quanto mais cedo nos familiarizarmos com este conceito, mais rapidamente daremos significado à vida, viveremos menos ansiosos e mais tranquilos. O desconhecimento das leis da harmonia e do bem-estar, implicam desconhecer que somos seres espirituais encarnados. Temos um corpo, uma máquina perfeita, mas submetida desde tenra idade a impactos psíquicos, emocionais, a confusões mentais e erros no estilo de vida que têm como consequência danos físicos e agressões à nossa própria evolução espiritual e que se manifestam como sintomas em diversos planos da nossa existência. Todas as experiências fazem parte do caminho, mas esteja atento ao sentido que os seus passos tomam, porque independentemente das suas escolhas, há sempre algo que obrigatoriamente fica para trás. Simplesmente aperceba-se se a saúde não é uma delas.
E a saúde abrange muito mais do que o físico. As pessoas às vezes esquecem-se daquilo que se deviam lembrar e lembram-se daquilo que se deviam esquecer. Esquecem-se de manter a mente e coração leves e pesam mágoas, complexidades, expectativas nos outros. Ficam focadas nos ramos quando a essência está na raíz.
Essa essência é a primeira e única lei que nos leva à saúde, seja ela física, mental ou espiritual. Essa lei é a lei essencial do amor. Nunca teremos saúde se não soubermos ofertar e receber amor.
Osho disse que: “A maioria das pessoas que sofre e procura médicos, a origem do seu problema está em não se sentir amada.” E antes de amar seja quem for, é importante que ame a vida, se ame a si mesmo, se perdoe a si mesma, sabendo que a nossa única e sagrada obrigação é fazermos o melhor que sabemos e podemos em cada momento.
É importante que nos valorizemos, sem termos receio de estar a dar em doidos, só porque o mundo não pára e as espirais de acontecimentos tendem a deixar-nos sem os pés na terra.
Não se preocupe tanto, o próprio mundo está doente. Também ele precisa de terapia porque lhe falta amor. Se assim não fosse como é que há tanta gente a explorar e a agredir o próximo. Os câncros do mundo são as guerras, os conflitos, a falta de amor.
Medite. Enraize-se. Humanize-se. São as melhores formas de enfrentar o desconhecido. Tenha fé e ame o desconhecido. Desfrute o domínio do amor sobre a sua vida. Procure aceitar e respeitar o próximo mesmo que não o compreenda.
Um médico pode ter estudado anos a fio, ter imenso conhecimento mas se não tem compaixão pela pessoa que o procura, mesmo dentro de uma neutralidade terapêutica, dificilmente será um bom médico.
A uma criança podem lhe dar tudo, educação, playstations, uma vida cómoda sem necessidades físicas, mas se não a alimentarem com sorrisos e abraços de amor ela não cresce saudável, desenvolvendo o seu potencial.
O abraço e o sorriso são algumas das melhores terapias para qualquer doença.

Sabia que rir pode reduzir o risco de doenças cardíacas e diminuir o stress?
Durante uma sessão de gargalhadas, os níveis de cortisol e adrenalina que são hormonas de stress tendem a baixar. Por outro lado, o nosso cérebro passa a produzir endorfina, hormona que nos acalma e tranquiliza.
Uma boa gargalhada é tão saudável quanto a prática de exercícios físicos e pode aumentar os níveis de colesterol bom no sangue. Isto porque ela estimula a circulação sanguínea e também movimenta os músculos, não só do abdomen, mas das pernas, braços e pés. Pesquisadores afirmam que o riso pode ser a chave para a saúde de idosos que não conseguem praticar atividades físicas.
O sorriso tem ainda a capacidade de melhorar o bom humor, elevar a autoestima e deixar-nos mais seguros de nós próprios. Ao trazer uma série de sensações agradáveis, ajuda a eliminar sensações negativas como tristeza e, curar até depressões.
O sorriso, além de trazer todos estes benefícios, é ainda capaz de fortalecer amizades e aumentar as chances de fazer novas amigos, por ser tão contagioso. Nunca é demais lembrar que auxilia bastante à qualidade de vida ter relações felizes com as pessoas que nos rodeiam.
Vivendo neste planeta, estamos sujeitos a morrer de uma patologia grave e sofrida, mas existem formas de aliviar essa pressão, se soubermos sorrir mesmo nas alturas difíceis, valorizar amizades, aprendermos algo com esse processo, não reclamar tanto e aceitar a morte como algo natural.
A forma como e onde, vamos morrer e renascer, não pode ser prevista e controlada pelo comum dos mortais. Geralmente estas dependem de determinadas forças cármicas. Mas se conseguirmos permanecer serenos, procurarmos fixar o pensamento no divino e entender que tudo aquilo faz parte das leis da Vida, nos mantivermos conscientes de que tudo não passa à partida de uma mudança de corpos, dizem as escrituras budistas que será mais fácil renascer num lugar e de forma mais felizes.
Alguns budistas experientes exercem certos tipos de meditação quando sentem que estão a desencarnar. Essas práticas permitem-lhes estar mais tranquilos nesses momentos e não raras vezes conseguem até iluminar-se, caso estejam espiritualmente preparados para tal.
Como se pode entender por estas palavras, torna-se igualmente importante, o auxílio que podemos dar à morte dos outros, seja por doença ou algo que a tenha apanhado desprevenida e que por algum motivo também se cruzou com a nossa realidade. Podemos pensar que não há muita coisa a fazer, mas só o facto de a acalmarmos e conseguir que ela não fique demasiado perturbada ou desamparada, já é uma contribuição válida e que concerteza contribuirá para uma passagem mais feliz.
Ser testemunha de tal acontecimento e ao mesmo tempo conseguir rodeá-la de harmonia e sentimentos de paz, pode ser para nós um momento de aprendizagem e crescimento sem igual. Poderemos assim aceitar melhor a nossa própria passagem quando for de destino e entendermos ao vivo e a cores essa verdade incontornável que é o conceito de impermanência.
De qualquer forma se temos um corpo por alguma razão é. Valorizar o dom da vida e cuidar da nosso templo, dar-nos-á mais qualidade de vida e facultará um melhor entendimento da nossa missão.
Temperança em tudo é vida longa com saúde. Como aconselharia Hipócrates que o alimento seja também o seu medicamento. O acto de se alimentar é sagrado e previne diversos desequilíbrios. Quando comer não fale em doenças, não esteja nervoso ou fale mal do outro. Não se esqueça, o homem come o que pensa e bebe as próprias ideias no momento de sorver o líquido. A água tem a capacidade de gravar a informação. Ela tem memória. Use-a em seu benefício dotando-a de ideias nobres.
Ao observarmos o silêncio interior da natureza da mente, podemo-nos libertar do medo da doença e da morte e entender mais concretamente a verdade da vida.
Quer nos agrade ou não, pelo facto de estarmos encarnados, mesmo que tentemos evitar ou preveni-lo, estamos sempre sujeitos a passar dificuldades. Aquilo que devemos aceitar é que o desequilibrio na saúde não tem que ser apenas um mal a suprimir. Ele pode também ser um benefício a comprender, valorizar e a nos instruir.
Bruno Gonçalves (Naturopata)
 
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